Uma pergunta tem se repetido nas redes
sociais, nas pesquisas do Google e em muitas conversas agora que os casos da
variante ômicron dispararam no mundo. Quando uma pessoa com covid deixa de
ser contagiosa?
Sou Camilla Veras Mota, da BBC News Brasil em São Paulo, e neste
vídeo eu vou responder a essa pergunta. Você deve ter notado que os casos
de covid têm aumentado bastante, mas ao mesmo tempo parece cada vez mais claro
que a doença agora tem sintomas menos graves. Isso significa que as pessoas que
se infectam, principalmente se forem vacinadas, têm menos probabilidade de serem
hospitalizadas ou correrem risco de morrer. Mas com a alta transmissibilidade da ômicron,
serviços como hospitais, escolas e supermercados têm enfrentado sérios problemas por causa da falta
de pessoal, dado o elevado número de infecções. Isso levou muitos países a revisarem
suas regras sobre o isolamento que as pessoas infectadas devem cumprir.
Exemplo disso são o Brasil, os Estados Unidos e o Reino Unido, que reduziram os dias de
isolamento para cinco – isso nos casos em que a pessoa já está testando negativo e não tem mais
sintomas. Já a Argentina optou por sete dias. Mas em que se baseiam as autoridades
para definir esse número? Antes de mais nada, existe algo importante
que mudou com a ômicron, que é o tempo de incubação do vírus, ou seja, o tempo entre você
ser exposto ao vírus e os sintomas aparecerem. Nas primeiras variantes, esse período era de
5 a 6 dias. Com a variante delta, 4 dias. Mas no caso da ômicron, o tempo de incubação
parece ter sido reduzido para 2 ou 3 dias. O especialista em doenças infecciosas
Vicente Soriano explicou assim à BBC:
Se você se infectar hoje, amanhã o
vírus começa a se replicar e no dia seguinte já fica detectável num teste. É
aí que os sintomas também podem começar. Dito isso, vamos à nossa
pergunta: por quanto tempo, então, uma pessoa infectada pode infectar outras?
Sabe-se que as pessoas tendem a ser mais contagiosas no início de sua infecção.
Com a ômicron, acredita-se que o vírus possa ser transmitido um a dois dias antes do
início dos sintomas e dois a três dias depois. O Reino Unido, por exemplo, tomou a decisão de
reduzir o tempo de isolamento com base em dados da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido,
que mostraram que dois terços dos casos positivos não eram mais infecciosos no quinto dia.
Ou seja, uma vez que o teste é positivo, que é o dia 2 da infecção, a capacidade
de infectar outras pessoas duraria, na maioria dos casos, cerca de mais 3 a 5 dias.
Portanto, acredita-se que, com a ômicron, o vírus permaneça dentro do corpo por apenas 7 dias.
Mas é preciso usar essa informação com cuidado, claro. O especialista Vicente Soriano lembra que
estamos falando de medicina, e não de matemática. Então é preciso deixar um pouco de margem, já
que em algumas pessoas o vírus fica no corpo por menos tempo, e em outras fica mais.
Há também alguns estudos que indicam que a carga viral é baixa nos primeiros dias de
infecção e que atinge seu ponto mais alto entre os dias três e seis, para descer novamente
nos dias seguintes, até desaparecer no dia 10. Mas, em geral, as análises são de que a
duração da infecção da ômicron é menor que com as variantes anteriores.
Por todos esses motivos, é importante que a pessoa infectada faça
testes de antígeno para detectar se ainda é contagiosa, antes de encerrar o isolamento.
Algo que parece difícil no Brasil no momento, diante das faltas de testes e das longas
filas nas redes pública e privada. A recomendação do Centro de Controle e Prevenção
de Doenças dos Estados Unidos, o CDC, é que, se ainda houver febre, é preciso continuar se
isolando até que ela desapareça. Mesmo nos casos em que os dias de isolamento foram cumpridos.
Agora, outra questão-chave é o que acontece com as pessoas assintomáticas.
Elas também são contagiosas?
Pesquisa publicada no Journal of the
American Medical Association descobriu que quase uma em cada quatro infecções pode
ser transmitida por pessoas assintomáticas. Então, sim, parece que as pessoas
assintomáticas também transmitem o vírus. E na verdade, acredita-se que
a proporção de transmissão assintomática seja ainda maior com a ômicron.
Isso porque muitas delas não sabem que têm o vírus, não se isolam e, com isso,
acabam não adotando comportamentos para impedir a propagação do vírus.
Por isso tudo, é importante ficar de olho e continuar usando máscaras de qualidade,
evitando lugares fechados e cheios de gente e tomar as doses de vacina no momento certo.
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Eu fico por aqui. Se cuidem e até a próxima.